O LIVRO
A antologia inédita que a PONTOEDITA lança agora em edição bilíngue conta com intervenção poética do cantor e performer São Yantó, capa do artista visual Pedro Monfort e texto inédito de Ariadna Efron, filha de Tsvetáeva, sobre o processo criativo da mãe. A seleção criteriosa realizada por Verônica Filíppovna, doutora em Teoria Literária e pesquisadora de literatura russa na UFRJ que assina também a tradução e a apresentação desta antologia, lança mão do rigor acadêmico para expor o público brasileiro a toda a potência criadora da poesia de Tsvetáeva (uma potência que conquistou a admiração de nomes como Caetano Veloso e Décio Pignatari, além do privilégio de ser traduzida pelos irmãos Campos, uma distinção reservada a poucos). O resultado é uma coletânea breve que consegue apresentar em pouco mais de 60 poemas as várias fases de Tsvetáeva.
O projeto editorial autoral propõe ao leitor uma forma de explorar o tempo da poesia, desde a escolha do cantor e performer brasileiro São Yantó para a intervenção poética de abertura até escolha de um poema como título: Aos meus versos, escritos tão cedo, quando eu nem sabia, eu – poeta, a jorrar, como pingos da fonte, como faíscas de um foguete, a pular, como pequenos demônios, no santuário, onde há sono e incenso, aos meus versos de juventude e de morte – versos nunca lidos! – espalhados por estantes empoeiradas, onde ninguém os pegou e nem os pegará, chegará a sua hora. A homenagem ao álbum “When the pawn…”, da cantora Fiona Apple, sugere que, dali em diante, o leitor estará entrando num universo em que a temporalidade é de outra natureza. O título, evidentemente, também sugere uma crítica à cultura dos 15 segundos e, ao estender substancialmente o tempo do leitor com o livro em mãos, convida-o a explorar o tempo das pausas próprias da linguagem poética. Trata-se, portanto, de um livro para se ler devagar, no tempo da poesia.
O projeto gráfico da edição da PONTOEDITA tira proveito de um conjunto de decisões que amplificam a potência sensorial da poesia de Tsvetáeva. As texturas dos papéis da capa e do miolo e até mesmo do fitilho marcador, de gorgurão azul, convidam o leitor a pensar o próprio livro como objeto poético. A experiência tátil ganha outras camadas com a arte da capa, especialmente nos tons de cor, texturas e paisagens: criada pelo artista visual Pedro Monfort, a fotografia é uma escultura do tempo e remete aos instantâneos do diretor de cinema soviético Andrei Tarkóvski. A escolha da Soyuz Grotesk para a composição do título traduz a ambivalência da poesia inconforme de Tsvetáeva, que não se encaixava em nenhum grupo ou movimento de sua época. Criada em 2017 pelo tipógrafo russo Roman Gornitsky para a The Temporary State, a Soyuz é uma releitura de uma adaptação da Helvetica para o alfabeto cirílico feita na década de 1960. O miolo é composto em PT Serif Pro, fonte universal criada pela tipógrafa russa Alexandra Korolkova e lançada pela ParaType em 2011.
Aos meus versos, escritos tão cedo... chegará a sua hora é o livro nº 6 da PONTOEDITA.
FICHA TÉCNICA
Título: Aos meus versos, escritos tão cedo... Autor: Marina Tsvetáeva Seleção, tradução e apresentação: Verônica Filíppovna Poema de abertura: Yantó Ensaio poético Ariadna Efron Capa: Pedro Monfort ISBN 978-65-991898-4-5 Dimensão: 23,5 x 14 Ano de publicação: 2022 Acabamento: capa dura em papel especial texturizado e fitilho de gorgurão Número de páginas: 192 Imagens: 26
A AUTORA
Marina Tsvetáeva foi uma poeta e tradutora russa, considerada uma das vozes poéticas mais potentes e relevantes do século 20. Nasceu em 8 de outubro de 1892, em Moscou, e estudou música desde os quatro anos de idade. Começou a escrever ainda na adolescência — alguns de seus poemas foram publicados quando ela tinha apenas 16 anos. Viveu grande parte da vida no exterior (primeiro na Tchecoslováquia, posteriormente na França). Escreveu poesia, prosa e teatro. Suicidou-se em 1941.
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